16 junho 2010


Aqueles cabelos pretos gritavam comigo. Diziam que já estava na hora de tocá-los. Por que, nesse tempo, tão pouco tempo que mais parece uma eternidade, eu me apaixonei por você? É o teu rosto que não sai da minha memória, teu cheiro que não desgruda de mim, tuas palavras que sondam meus ouvidos. É você em mim. E teus cabelos, mais uma vez, me chamavam.
- Oi, alguém na Terra? – Ouvi-a perguntando por mim. Ela me deu aquele sorriso. De novo.
- Ahn... Me desculpe! O que você estava falando mesmo, Lou? – Perguntei, voltando pro meu mundo, pro mundo a onde eu era apenas o amigo dela, o mundo onde eu era apenas o vizinho da frente numa carteira de escola.
- Tava falando que quero jogar vôlei. – Ela disse e curvou os lábios pra baixo, numa cara de falsa tristeza. E eu sorri.
- Jogue. Vamos, eu jogo com você. – Me levantei e a chamei.
- Não dá! To com sono. – Como aquela garota era complicada. E era isso que eu mais amava nela.
- Sono ou vôlei? Então vamos ali na rua, estamos sem professor hoje. Anda. – Falei e segurei na mão dela. O que aconteceu depois? Choque. Foi como se eu tivesse perdido meus sentidos. A mão dela estava quentinha e a minha gelada, o que causou um grande impacto. Pude perceber que ela também se abalou com o toque, por que arregalou os olhos e suspirou fundo.
- Tá bom... – E ela levantou. Quebramos o nosso contato. Não era desejo de nenhum dos dois, mais sabíamos que não podíamos continuar... Nem com um simples contato de mãos.
E essa era a minha vida. Era como se eu não existisse sem ela. Cada mero toque, por mais que quebrássemos todas as regras era, por si só, o melhor da minha vida. E talvez só o sorriso, ou o cabelo dela, me fizessem querer viver, apenas por serem assim, tão lindos. O cabelo, preto, liso, lindo, me fazia viver para desejar tocá-lo. Tocá-la.

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