10 março 2010

Venha me procurar, venha me pegar.

Me peguei mais uma vez olhando pra ele. Seus olhos me passavam tanta segurança, e aquele sorriso era capaz de me fazer voar nem que por alguns instantes. Eu adorava o jeito como ele sorria pra mim, o jeito como eu me sentia uma boba na frente dele e quando ele dizia o quanto eu estava bonita. Eu estava sentada na toalha de piquinique que trouxemos pro campo e ele estava brincando com um cachorro de um senhor que passou por ali e resolveu se sentar um pouco no bando perto de onde estavamos sentados. Apoei minhas mãos um pouco atrás da minha cintura e inclinei minha cabeça pra trás, fechando os olhos e sentindo o fraco calor do sol. Não era um dos melhores dias pra se visitar o campo e fazer um piquinique como esse, mais era o único dia que finalmente havia dado um pouco de sol, pra compensar todos dos dias chuvosos. Embora esperassemos alguns chuviscos no final da tarde, todos as pessoas que não trabalhavam ou que estavam sem fazer nada iam direto para o campo, aproveitar o sol. Quando sai do meu devaneio, olhei para frente procurando achar ele ainda se divertindo com o cachorro, mais não achei nada. - Siga-me, senhorita. - Ouvi sua voz num tom de brincadeira e olhei pra trás, onde ele estava em pé, com uma mão erguida no ar esperando que eu me apoiasse nela. Segurei sua mão e levantei num pulo só. - Onde vamos? - Eu perguntei, receosa, enquanto acompanhava seus passos com o olhar. - Tudo bem, Mel, só dar um volta na floresta. - E piscando, ele entrou por entre aquelas árvores sem me esperar nem nada. Corri um pouco pra poder alcança-lo sem que eu me perdesse entre as árvores. Segurei seu braço e ele se virou pra trás, sorrindo, logo continuo a caminhar. Meu olhar percorria a floresta toda, aquelas árvores, aqueles galhos secos no chão, tudo aquilo era sinistro. Era como se o tempo tivesse fechado desde que entramos na floresta, estava um pouco mais escuro, só que ainda assim o caminho estava bem vizivel. - Você vai conseguir voltar, Louis? - Eu perguntei, largando seu braço e caminhando devagar para poder acompanha-lo. - Claro que sim. Eu sei... AI! - Ele exclamou, um grito de dor. Me abaixei ao seu lado ao perceber que ele havia caído no chão, e no mesmo instante em que toquei seu braço pude ver filetes de sangue escorrendo do mesmo. "Não se apavore, Melanie. É só sangue" Comecei a procurar por alguma coisa que pudesse fazer o sangue parar, mais não encontrei nada. "No meio da floresta, o que você queria encontrar aqui? Um kit de primeiros socorros?" - Você consegue levantar? - Eu perguntei, ainda segurando seu braço. - Mel, foi só um machucadinho no braço, eu consigo andar, tudo bem?! - Só um machucadinho no braço? Ele estava praticamente perdendo o braço! Tudo bem, não é pra tanto, mais eu me preocupo. - Tá bem. - Falei, ajudando ele a se levantar. Ouviu galhos quebrando bem a nossa frente quando olhei para ver o que era. Seus olhos eram profundos, me transmitiam medo, insegurança. Pude sentir uma onde de arrepios percorrer meu corpo a medida em que ele se aproximava. Olhei para Louis e ele me devolveu o olhar assustado. Levantamos sem falar nada e apenas corremos, por que achamos que era necessário. Não me dei ao trabalho de olhar para trás, para ver se o intruso continuava a nos seguir, mais eu podia sentir que ele estava perto e que quando menos esperassemos, estariamos encurralados. O sangue ainda escorria do braço de Louis, e eu estava sem folêgo, precisava parar. - Só.. um... pouquinho - Eu pedi e ele olhou pra trás, acentiu e paramos. Eu apoiei meus braços na árvore mais próxima e meu peito subia e descia descontroladamente a procura de ar. Olhei para onde Louis estava e foi tudo tão rápido. Só me lembro de ter visto seus olhos, vermelhos como o sangue e depois, cai desacordada na mata.

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